O Jardim
2010/14
Fotografias realizadas em filmes positivos de 4x5 polegadas, impressas por pigmentos minerais em papel revestido com barita.
Dimensões:
150x190 cm, tiragem de 3
100x126, tiragem de 5
Em dezembro de 2008, passei a residir na região periférica de Belo Horizonte. Transito entre os bairros Vale do Sol e Jardim Canadá, a 20 km do centro da cidade, tentando estabelecer com estes bairros uma relação de pertencimento. identifico ali, pulsante, uma enorme diversidade cultural, produto de um crescimento visível a olhos nus.
Passo a percorrer cada canto destes bairros, munido do equipamento fotográfico de formato grande (com chapas 4x5 de polegadas), para realizar fotografias através das quais procuro entender a expansão da cidade para fora de seus limites, o embate de seus habitantes com a natureza, e as razões que levam pessoas tão diferentes a procurar os mesmos pedaços de periferia.
O caos gerado pelo crescimento vertiginoso que estas regiões - bem como qualquer periferia de qualquer grande cidade - enfrentam, lembram-me uma grande maquete do mundo, uma miniatura gigantesca da ocupação humana no planeta, a materialização do poderoso conto de Jorge Luís Borges, "Do Rigor da Ciência":
...Naquele Império, a arte da cartografia atingiu uma tal perfeição
que o mapa duma só província ocupava toda uma cidade,
e o mapa do império, toda uma província. (...)
(...) menos apegadas ao estudo da cartografia,
as gerações seguintes entenderam que esse extenso mapa era inútil
e não sem impiedade o entregaram às inclemências do sol e dos invernos.
Nos desertos do oeste subsistem despedaçadas ruínas do mapa,
habitadas por animais e por mendigos. (...)